(Fifty shades of grey, 2015)
Filmes adaptados de livros: minha
eterna frustração cinematográfica. Sofro claro, do mal que atinge a maioria dos
leitores que corre pra telona e quer ver transformado em imagens tudo que criou
em sua própria mente ao ler, mesmo sabendo que pra isso seria necessária uma
sessão 4 horas (ou mais). Partindo dessa perspectiva devo dizer que 50 tons de cinza está muito abaixo do que eu imaginava, mas muito além do que eu esperava.
O romance que vendeu mais de 100 milhões de cópias no mundo todo
relata o encontro da inocente estudante Anastácia
Steel (Dakota Johnson) com o misterioso, bem sucedido e bilionário Christian Grey (Jamie Dorman) que chacoalhou
radicalmente a vida de ambos e também a imaginação de quem acompanhou as
aventuras –sexuais- vividas por
eles.
Não posso dizer que o filme não
está fiel o livro, está sim. A
história é aquela. Os vinte minutos iniciais e os 15 finais estão, inclusive,
exatamente iguais ao original. A adaptação
poderia ter ficado melhor se, como no livro, fosse narrado em primeira pessoa, com a Anastácia
contando a história. Em terceira pessoa perde-se muito das impressões e
sentimentos dela enquanto conhece os “gostos
peculiares” do Sr. Grey e assim, um pouco do sentido da história.
O problema central são as cenas de sexo, que ocupam grande parte das páginas do primeiro volume da
trilogia, já que são descritas em detalhes, e no longa são poucas, rápidas, bem
suaves e sem a “agressividade” do apetite
sexual do Sr. Grey. Em apenas em uma
tive a impressão de que era “O”
Christian Grey que estava ali. Esse corte das partes “picantes” acabou por prejudicar um pouco o sentido geral do filme, por
exemplo, quando transformou uma cena crucial em que Anastácia percebe que o masoquismo pode dar prazer a ela também
em uma cena boba digna de novela das
seis... Foi a cena mais decepcionante.
A interpretação de Dakota Johnson beira o irritante. A tentativa de mostrar uma
garota inocente virou uma personagem “boba”, sem personalidade, que ri de tudo... Seria melhor ter colocado
Kristen Stwart fazendo a velha e boa Bela Swan, teria ficado mais próximo da Srta. Steel descrita no livro. Jamie Dorman não convence, mas tem uma
estrelinha a mais que ela. Me pergunto se ele leu o livro antes de “vestir” o papel de Sr. Grey que é intimidador, exigente, focado e intenso,
bem diferente da atuação de Dorman que mostrou um homem comum com preferências sexuais
diferenciadas, nas poucas cenas de sexo ele me pareceu estar numa apresentação
de balé.
A adaptação (dirigida por Sam Taylor-Johnson) tentou pegar um
livro pornográfico e transformar num
romance erótico e daí certamente virá
a maior frustração dos fãs. Acredito
que o ideal seria fazer um filme mais próximo da obra original e passar em
cinemas “cults” (como foi com Azul é aCor Mais Quente e Ninfomaníaca,
por exemplo) ou, filmar essa versão mais água com açúcar e fazer “baseado no livro de E.L. James: As
Aventuras do Sr. Grey”, ou algo parecido.
Aproveito para corrigir um
pequeno erro, quando postei sobre o trailer disse que o filme seria adaptação
dos três livros em um e não é. Foi apenas o primeiro. Será que a continuação
vem pra telona também?
(Salemme)
Adorei. Abraços. Lilian.
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