Bingo: O Rei das Manhãs

(Bingo: O Rei das Manhãs - 2017)

Quem foi criança no final dos anos 80, começo dos ano 90 com certeza vai mergulhar na nostalgia – até o cinema nacional chegou lá – e perceber logo de cara que Bingo não era o nome original do palhaço desse filme! Por conta de tretas de direitos autorais os caras precisaram mudar uns nomes pra continuar deixando óbvio quem era evitar que a gente reconhecesse as personagens – só a Gretchen é a Gretchen – e assim nasceu Bingo, O Rei das Manhãs!

O filme é a biografia adaptada de Arlindo Barreto Augusto Mendes que deixou de ser ator de pornochanchadas pra se tornar o palhaço dos cabelos espetados vermelhos azuis e roupa azul vermelha,  Bozo Bingo e invadir as casa todas as manhãs com seu programa na TVS, atual SBT TVB, se tornando um concorrente direto e difícil para o o Show da Xuxa Lulu na TV Globo Mundial - não dá pra dizer que as adaptações não foram criativas.

Esse palhaço simpático expressão da inocência infantil

Temos na tela a história do homem desde os filmes pornôs, de como ele ganhou o papel do palhaço (uma história que garantiu muita risada não muito correta), como conseguiu ganhar a audiência e o carisma da molecada nas manhãs na TV, até se afundar das drogas e as drogas afundarem com ele (e o que aconteceu com ele depois, porque o Arlindo de verdade exigiu isso em contrato).

Apesar de ser uma história cheia de palhaçada – ba dum tis – é o drama que dá o tom da trama. Mesmo tendo alcançando todo o sucesso que sempre sonhou, por contrato o cara não podia falar que ele é que era o Bingo, e ser um mega blaster hiper famoso e ao mesmo tempo um Zé Ninguém atormentou muito o homem e fez sofrer ainda mais seu filho – todo mundo ama teu pai, mas ninguém sabe que é teu pai e nem você vê mais teu pai, pense! Além disso o filme também dá uma visão bacana de como se fazia TV nos anos 80 - ou hoje - e dos meandros que regem até onde se vai na guerra pela audiência.

Os produtores do filme deram muita sorte quando Wagner Moura disse que não ia rolar agenda pra ele fazer o palhaço e indicou Vladmir Brichta, Vladmir é o dono do filme! Sem dúvidas era o ator perfeito pra personagem, sarcástico, caricato e dramático cada um na medida certa - Tem todos os meus elogios.

A religiosa diretora Lúcia de Leandra Leal pode ser chamada de coprotagonista do filme, construída de forma bem interessante, ela vai se mostrando aos poucos no decorrer do filme e nós e Augusto vamos assistindo isso juntos.

Ainda vemos no filme a Gretchen de Emanuele Arujo – bem na sua cara porque dá audiência – Tainá Muller, a mãe do filho dele, o fofo Cauã Martins interpretando o filho, Ana Lúcia Torres a mãe e Domingos Montagner – que Deus o tenha – dando aula de palhaçada (e enfatizando quanto tempo leva pra produzir um filme nacional).

O diretor Daniel Rezende - montador de carteirinha - com certeza fez da montagem um excelente adicional artístico pro filme. As evoluções de trama usando ligações com plano sequência  são de encher os ~meus~ olhinhos. Fora a composição de ambiente dos anos 80 que é quase um túnel do tempo – pode prestar atenção nos detalhes, os caras pensaram em todos. E aliás, como a infância nos anos 90 foi.. Assustadora?!

E se depois de tudo isso, você ainda não viu motivo pra pagar o ingresso do cinema e assisitir a esse filme nacional, ainda tem mais um: Bingo, o Rei das Manhãs foi escolhido o concorrente brasileiro a uma vaga no Oscar de melhor filme internacional – já fica a torcida.


Pra quem valoriza o cinema nacional (e pra quem não valoriza mas deveria muito) a dica é Bingo, o rei das manhãs.

Cris F Santana
(@crisfsantana)

cris f santana

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