(Salve Geral - 2009)
Brasil, 2006, março, o Estado de São Paulo é tomado pelo caos causado pelos ataques comandados pelo crime organizado. A boataria decorrente gera pânico e as ruas das cidades se tornam verdadeiros desertos intercalados com manchas de sangue.
Brasil, 2006, março, o Estado de São Paulo é tomado pelo caos causado pelos ataques comandados pelo crime organizado. A boataria decorrente gera pânico e as ruas das cidades se tornam verdadeiros desertos intercalados com manchas de sangue.
É sobre esse cenário de quase horror, que muitos paulistas certamente nunca esquecerão (eu entre eles), que o diretor Sergio Rezende construiu o filme Salve Geral. Porém, mas que um filme sobre o crime, mas que um Tropa de Elite, mais que um 400 Contra 1, este filme é uma história de amor. O amor de uma mãe por seu filho.
Em Salve Geral, Andréa Beltrão (um talento inegável do Cinema) é Lúcia. Formada em direito, professora de piano por amor a arte, viúva e mãe de Rafael (Lee Thalor) o típico playboy mimado. Acontece que Rafael, que é participante de rachas (e dirige bem que só que!) se mete em uma confusão após uma corrida duvidosa e acaba assassinando uma pessoa. O que (surpreendentemente, já que falamos de Brasil) o leva pra cadeia. E tudo muda na vida de Lúcia, que passa a ser uma das mães de presidiários (das mais assíduas). Quando sem dinheiro pra pagar os advogados (e um tanto desesperada), Lúcia conhece Ruiva (Denise Weinberg, eternamente a mãe da Alice) advogada e pessoa que faz todo o trabalho sujo de um dos chefes do crime paulistano, conhecido como O Professor (Bruno Perillo). Ruiva oferece dinheiro para que a ex-professora de piano entregue algumas encomendas (leia-se celulares) para o seu cliente. E uma relação bastante inimaginável surge aí.
No meio de tudo isso, o sistema carcerário paulistano está entrando em colapso, penitenciárias super lotadas, assistências negadas, e a consequência é: O crime se organiza (muito melhor que as autoridades, diga-se de passagem) e está formado o Primeiro Comando da Capital (vulgo PCC), o "partido" para defender as causas penitenciárias (sob o lema "Paz, Justiça e Liberdade!" Sim o mesmo do rap que tinha no LP do Rap Brasil lá nos anos 90) e os envolvidos com a criminalidade paulistana, querendo ou não (não se tem muitas opções diante de uma arma na sua cabeça), passam a fazer parte do partido.
Não há o que se comentar da atuação de Andréa Beltrão no filme. É muito fácil acreditar no drama da mãe, no amor da mulher, nas atitudes desesperadas e em todas as faces de Lúcia que conhecemos no decorrer da trama. Toda a história do Partido torna-se um pano de fundo diante a história de Lúcia. Claro que, é impossível não tomar a película como uma aula de história, que ajuda a entender, e de um modo bem crível, como foi que mesmo de dentro das Cadeias, os chefes do crime organizado conseguiram arquitetar e comandar com tanta precisão a onda de terror e caos que se passou naquele fim de semana de dia das mães. Quanto o Estado tanto é incapaz de controlar quanto contribui para a formação desta articulação. Mas, mais do que isso, é também uma aula sobre a alma humana, suas forças e fragilidades. Como é a vida de uma mãe obrigada a aceitar seu filho preso, quanto o amor sem limites de uma mãe pode ajudar o filho ou quanto pode contribuir para seu mal.
Salve Geral não é um filme que não toma partidos, não defende os bandidos e muito menos a Polícia! Mas é mais um dos filmes do Cinema Nacional que todos deveriam assistir e tomar um tempo para refletir sobre suas mensagens.
(Cris F Santana)
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