Um corpo encontrado no mar é ponto de partida para o aprofundamento do espectador na vida de um casal de adolescentes que, como outros personagens reincidentes nos filmes da diretora japonesa Naomi Kawase, encontram-se diante de situações de ruptura.
Com câmera na mão, filmando uma natureza sempre marcante, transformadora e presente e registrando momentos de silêncio e calma sempre importantes, em longos planos sem cortes (todas essas características recorrentes da filmografia da cineasta), Kawase nos aproxima daqueles personagens, na sua dualidade de internação/externação de sentimentos, para discutir a morte, descendência e a herança espiritual que todos recebemos daqueles próximos a nós, algo perfeitamente explicado pela analogia de um personagem entre surfe e relacionamentos humanos.
Trazendo algumas das mais belas cenas da carreira da diretora, em especial as lindas sequências subaquáticas, o filme não consegue alcançar obras como Suzako e Shara, ainda as melhores ficções dela, mas não desaponta os entusiastas de seu cinema.
(Julio Chuman)
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