Divertida Mente (Por Cris F Santana)


Original. Essa é a palavra que melhor define a nova animação Disney Pixar de Pete Docter e Ronaldo Del Carmen. Ao contrário do que pensei quando li a sinopse do filme, Divertida Mente (o trocadilho ficou mais legal no nome original) não é exatamente um filme pra crianças. Claro que crianças vão se divertir a beça, principalmente com as gracinhas do filme. Mas a história é de fato um bom tanto mais complexa e densa do que parecia. Riley é uma garota de 11 que acaba de se mudar de uma pequena cidade em Minessota para São Francisco. E tem dificuldades em lidar com a mudança. Mas o plot principal da história se passa mesmo é dentro da cabeça de Riley, onde vivem suas emoções. A Alegria (chefe da galera), a Tristeza (essa fofa), a Nojinho, o Raiva e o Medo. Ao chegar na nova cidade, as complicações de adaptação começam a fazer a Tristeza ter mais controle sobre Riley e a Alegria, desesperada, tenta dar um chega pra lá na Tristeza. No embolo das duas personagens, elas acabam sugadas pelo tubo que leva as memórias para os confins do cérebro, onde ficam as memórias de longo prazo. Sem a Alegria e Tristeza, Riley passa a ser uma criança apática controla apenas pelas emoções negativas que sobraram, as duas emoções então, precisam voltar. E é aí que a historia começa de verdade.



O amadurecimento das emoções é apresentado de uma forma particular. Conhecemos Riley recém nascida e neste momento apenas uma emoção mora em sua mente, a Alegria. Logo em seguida (33 segundos depois) uma nova emoção aparece, a (fofinha da) Tristeza. E com o passar dos anos as outras vão surgindo, Medo, Raiva e Nojinho. E cada uma tem o seu momento de controle da garota, mas a manda chuva é sempre a Alegria. Outro ponto interessante nessa representação do amadurecimento é a evolução do painel de controle, que na Riley bebê tem apenas um grande e bonito botão e na pré-adolescente já é um emaranhando de botões. A representação das emoções também em suas cores é outro ponto bem pensado. A Alegria dourada de felicidade, moça alta e linda, aparentemente a figura de sua dubladora original (Amy Poehler). A Tristeza (essa fofa) azul, cor que em inglês é sinônimo de sentimentos tristes e tem o formato de uma lágrima (segundo seu autor, eu concordo com o cara que disse que parece a Velma do Scooby-Doo só que azul) . A Nojinho é verde, cor que geralmente se diz do sujeito enjoado, uma emoção com estilo de patricinha. O Medo é roxo de medo, e tem o formato parecido com uma estrutura nervosa. E o Raiva, é vermelho de raiva, sua estatura atarracada e carrancuda contribui ainda mais pra caracterização do figura. Existem também as memórias bases que formas as ilhas de personalidade, com as características que definem a garota. A minha preferida é a ilha da Bobeira (certeza que também tenho uma enorme dessa).

Outra coisa engraçada é ver as emoções já amadurecidas dos pais da garota, onde todas tem a mesma cara, a da emoção dominante, mas isso não impede a existência das demais, nem os caracteriza totalmente. Não posso deixar de citar o quanto acho bacana a utilização de personagens femininos para as emoções protagonistas, um ponto interessante sobre isso é que a criança tem a maioria das emoções femininas mas tem personagens masculinos também, enquanto os adultos, já emocionalmente definidos, tem as emoções de acordo com seu gênero normativo.


E assim a história vai se moldando cheia de mensagens, na maior parte das vezes não tão explicitas, sobre a importância de cada sentimento e como cada um depende do outro para existir.

Li muitos comentários sobre como os interpretes se adequam aos personagens. Como toda animação, as sessões disponíveis eram todas dubladas (e não costumo me importar com isso quando o se tratam de animações). Não posso falar sobre os originais, mas as vozes brasileiras também se adequaram bem às personagens. Todos atores de humor, que acredito ser os de melhor timing para dublagens. Léo Jaime empresta seu grave para o Raiva, Otaviano Costa sua eletricidade para o Medo, Dani Calabresa interpreta bem o tom pedante de Nojinho, Katiuscia Canoro construiu uma voz arrastada e triste para a Tristeza e Mia Mello dá vida à Alegria.

Divertido e emociante. Divertida Mente traz uma bela junção das melhores características de filmes Pixar e de filmes Disney. Ri e também chorei (sim sou boba e choro). E recomendo! Não só para divertir as crianças mas também para refletirem os adultos!

SUPER UPDATE: O filme foi indicado a 2 estatuetas no Oscar 2016. A de Melhor Animação, onde é grande favorito, e o história tão bem construída de Pete Docter, Meg LeFauve e Josh Cooley, alcançou a de Melhor Roteiro Original, merecidamente também.

(Cris F Santana)


PS. E não é que vulcões se apaixonam?! 
PS 2. Obrigada ao amigo Vinicius Santiago pelas brilhantes observações que ajudaram a compor esta postagem.

cris f santana

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