(1408, 2007)
Sou uma pessoa que adora terror - filmes, livros, games, quadrinhos, o que vier. Mas não pode ser qualquer terror. Só um monte de sangue jorrado na tela é algo que está longe de me satisfazer; para mim, o que vale é um terror inteligente, que faz os ossos gelarem. E, na maioria das vezes, os filmes que conseguem esse feito são exatamente aqueles que menos sangue e mais terror psicológico.
1408 é um desses filmes.
E não é pra menos. O longa de 2007, que conta com o espetacular John Cusack (adoro esse cara!) e Samuel L. Jackson no elenco, é a adaptação competente do conto de mesmo nome do mestre do terror, o escritor Stephen King, no livro Tudo é Eventual (Objetiva, 2005). E, para mim, King é um ótimo romancista, mas um contista melhor ainda. É nas histórias curtas que ele arrepia mais o leitor, condensando o horror e entregando histórias ainda mais arrepiantes que os (longos) romances, os quais já apresentam outros elementos além do terror. E, por isso, as adaptações dos contos dão melhores filmes, por serem mais fáceis para adaptar para linguagem de cinema. Muitos dos romances do mestre acabam se tornando séries (é o caso de Dança da Morte, Sob a Redoma, etc.), por serem longos demais e difíceis de condensar em poucos minutos.
Em 1408 temos o escritor Mike Enslin (John Cusack), que viaja pelo país em busca de hotéis mal assombrados; sua meta é se hospedar neles, provar que são falsos, e então contar tudo em livros vagabundos, mas que vendem bem, ao contrário do seu primeiro e malfadado romance. É então que descobre o hotel Dolphin (um nome não tão assustador quanto Overlook, convenhamos), cujo quarto 1408 guarda histórias tenebrosas de mortes horrendas, desde sua inauguração. O gerente do hotel, Mr. Olin (Samuel L. Jackson) se opõe firmemente à estadia de Mike no quarto, descreve todos as mortes e horrores que aconteceram no quarto, até mesmo tenta subornar o escritor, mas nenhuma de suas tentativas é eficiente, restando apenas entregar a chave (uma chave de verdade, nada de cartões eletromagnéticos) do quarto.
Cético, Mike se hospeda, e no início acredita ser vítima de peça pregada por Olin, mas à medida que os minutos passam, coisas cada vez mais estranhas começam a acontecer, em uma sequência gradual e arrepiante de acontecimentos, como o bom terror deve ser. O filme lida com lugares comuns no terror: o choro do bebê, o fantasma feminino se jogando pela janela, mas também surpreende com situações bizarras, como o despertador tocando "We've only just begun", dos Carpenters (você nunca ouvirá essa música da mesma maneira) ou - o que mais me mete medo - o mapa do quarto 1408 e do 14.º andar do hotel. Tudo isso aliado a efeitos simples, mas muito eficientes, e a ótima atuação de John Cusack, que envolve o telespectador com sua angústia, seus medos e seus pesadelos envolvendo o passado traumático do protagonista com sua família.
Com cenas inesquecíveis, 1408 é o típico filme de terror que nunca canso de rever, e que sempre me inspira, inclusive nos meus livros. Recomendadíssimo para quem é fã do gênero e, especialmente, para fãs de Stephen King. 5 canecas, mas sou suspeita, amo demais esse filme.
Por Karen Alvares
Karen Alvares é escritora, blogueira e adora comer chocolate assistindo a filmes de terror e séries sanguinolentas, mas de vez em quando dá uma chance a romances docinhos. É autora do romance Alameda dos Pesadelos e de contos. Siga @karen_alvares.
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