Especial Oscar 2015: Boyhood - Da Infância a Juventude (Por Rodrigo Sansão)

(Boyhood - 2014)

E hoje vamos falar sobre um filme que é favoritíssimo ao Oscar de melhor filme desse ano: Boyhood - Da Infância a Juventude 

O filme acompanha a vida do garoto Mason (Ellar Coltrane) durante sua infância, adolescência até o começo da sua fase adulta. Acompanhamos seu crescimento e amadurecimento, passando pelos seus conflitos familiares e amorosos.


Sim caros leitores, resumidamente o roteiro é só isso. História muito simples sem muitas emoções, aventuras, nem reviravoltas. Mas então, nos perguntamos, por que tantas indicações ao Oscar? Por que levou o Globo de Ouro de melhor filme? Por que o favoritismo? Por que a idolatria da crítica?


 A resposta é simples, a forma como foi gravado! Propositalmente, as gravações aconteceram durante 12 anos com o mesmo elenco!! Justamente para mostrar essa passagem de tempo, as transformações físicas reais dos personagens e principalmente capturar os acontecimentos de ano após ano, imputando, ora explicitamente ora sutilmente, elementos nostálgicos para te cativar e te trazer mais próximo das situações narradas do filme. Referências de músicas, brinquedos eletrônicos, tecnologias e entretenimentos  da última década são facilmente notadas.

E é essa era sacada do diretor  Richard Linklater. Do ponto de vista cinematográfico, foi genial. Foi diferente, interessante, curioso e ousado.  Tecnicamente o filme é muito bem feito. Atinge no ponto certo, cativa seu público e cumpre o seu papel.

Merece as indicações ao Oscar, principalmente para os prêmios técnicos (Roteiro Original, Montagem/Edição). Têm ótimas chances de levar a estatueta de Melhor Diretor. Entretanto deve passar longe dos prêmios de melhor ator coadjuvante (Ethan Hawke)  e melhor atriz coadjuvante (Patricia Arquette) . Inclusive, acho que o filme não teve nenhuma atuação brilhante. Quanto a indicação de melhor filme, Boyhood é um dos grandes favoritos da academia, mas sinceramente de todos os indicados que assisti foi o que menos gostei até agora.

Eu até gostei do filme. O filme é belo, é nostálgico, é interessante.  Gostei da simplicidade e da naturalidade de como a história é narrada. Gostei da ideia do "diferente", fugindo da mesmice Hollywoodiana . Por outro lado, achei a história muito fraca. Os poucos momentos de tensão/emoção ficaram por conta da mãe de Mason com seus relacionamentos problemáticos influenciando na vida dos filhos. De resto ficamos com uma trama demasiadamente arrastada que pecou no marasmo de algumas cenas e ficou cansativo ao longo de quase 3 horas de filme. Valeu a pena ter assistido, mas certamente está longe de ser meu preferido.

(Por Rodrigo Sansão)

Update: De suas indicações, o filme levou a estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante para Patricia Arquette .

Rodrigo Sansão

5 comentários:

  1. Então, eu acho justamente o roteiro e a montagem bem fracos (o que é aquele close no iPod, pra mostrar que a tecnologia mudou, pelamor né?). Richard Linklater até tem talento para escrever diálogos mais filosóficos, quando não transborda de pretensão, mas a mãe do protagonista tem muito mais questões filosóficas do que ele, naquela infância chocha e adolescência igual a de qualquer garoto de filme indie americano (introspectivo, tímido, fuma maconha, quer fazer arte... já vi isso antes). Patricia Arquette É o filme, Mason é só o personagem-título, na sua apatia que me provocou desinteresse para saber como seria seu futuro. No mais, grande ideia, mas um filme apenas acima da média.

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  2. Sim, virou uma história clichê americana. Também não gostei do personagem, não foi cativante. O que percebemos é que toda a história é sobre os personagens em volta e não sobre o Mason. Também ficamos com essa impressão, a mãe dele teve mais protagonismo do que ele.

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  3. Um bom filme, também achei clichê e isso pra mim soou um pouco chato, é bem interessante a forma que eles fizeram o filme. Acredito que seja um dos mais diferentes nos indicados a melhor filme no Oscar.

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  4. Ontem à noite resolvi assistir Boyhood. Estava no HD há algum tempo mas ainda não tinha pilhado em ver. De fato, é o grande filme que eu esperava. Em todos os sentidos. Uma produção gravada ao longo de 12 anos, acompanhando a transição da infância para a adolescência, da adolescência para a fase adulta de 2 personagens, Mason (Ellar Coltrane) e sua irmã Samantha (Lorelei Linklater, filha do diretor).

    Um filme ambicioso, com orçamento modesto, porém com diálogos riquíssimos. Repleto de quebras inesperadas. A qualquer momento os personagens saem de cena e voltam mais velhos, com outra aparência. Gostei da abordagem sobre os conflitos familiares de uma "família moderna", mas acredito que a personagem da Lorelei Linklater tinha muito potencial a ser explorado, e ficou completamente em segundo plano a partir de determinado momento do filme. Ok, o protagonista era o Mason, o irmão outsider, mas ambos tinham personalidades distintas que poderiam ser exploradas, visto que ambos foram alvos de transformações ao longo dos anos. A trilha sonora merece destaque. Não que eu tenha gostado. Mas os sons que transitam entre Coldplay, Sheryl Crow e Bob Dylan, foram muito bem distribuídos no decorrer da trama.

    Depois do primeiro emprego de Mason acontece uma ruptura muito importante. A desconstrução da ideia de que somos especiais. Ele se torna um sujeito comum. Comum, porém questionador. Só então o personagem atrai minha atenção, já a caminho do fim. Fim esse, que, aliás, considerei decepcionante. Não ruim. Mas esperava mais. Talvez o problema seja o fato de ter criado tantas expectativas a respeito. Mas nem de longe é um filme ruim. Sua maior riqueza está justamente na narrativa do comum sem ser óbvio. Por isso minha crítica ao final, deveras óbvio. Com certeza não foi à toa que levou 3 Globos de Ouro, dos 5 que concorreu e certamente tem potencial para angariar algumas das 6 estatuetas que disputará, no Oscar 2015.

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  5. Ele não tem mesmo nada de mais mesmo.

    Também fiz uma crítica a respeito:
    "Para os que não gostam de Boyhood deixo uma própria fala do filme que talvez seja o pensamento da maioria sobre ele “Pensava que seria mais”. A personagem de Patricia Arquette fala isso.

    “O filme poderia ser mais”, podem alegar, mas a vida de alguns também. Nem todos terão vidas surpreendentes, mas isso não tira o valor da própria vida, e muito menos o seu sentido. E o filme é da mesma forma."
    http://www.gocast.com.br/boyhood-da-infancia-juventude/

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