Este foi o pensamento que persistiu durante a sessão no Cine Belas Artes. Boa Sorte é desses filmes que fazem sair do cinema entorpecida. Tomada pela história. Podia até dizer que todo o Frontal com Fanta, todo Rivotril, todo Lexotan e toda a loucura da vida dos protagonistas passou para minha mente em uma sinergia de mente e tela. João é doce, é frágil, é louco. Judith é linda, é passional, é urgente e é louca. E em meio a essa bela junção de loucuras nasce um amor tão ou mais insano quanto eles. Diálogos gestálticos, construções improváveis.
Porque a receita para ser invisível é misturar Frontal com Fanta.
São expostos os pontos. Até que ponto a sua loucura é invisível a sociedade? Ou até que ponto a sua normalidade é visível? Ou até que ponto as pessoas são visíveis às pessoas?
O adolescente oculto para o mundo, viciado, depressivo. A mulher exposta, viciada, urgente, doente. A clínica psiquiátrica. O encontro.
As tomadas construídas em plano contínuo são ideais. Ampliam a veracidade dos gestos. Vemos Deborah Secco em mais um de seus brilhantes personagens. É totalmente Judith, merece elogios. E o jovem João Pedro Zappa corresponde por completo durante a construção dos personagens. O elenco ainda conta, entre outros, com Cássia Kiss Magro e a indescritível oportunidade de assistir Fernanda Montenegro fumando maconha. A direção é de Carolina Jabor (da série de TV "A mulher invisível").
Gosto de dizer e pensar que o cinema nacional tem características particulares, assim como o cinema francês ou o cinema alemão. Características essas que o permitem, quando bem aproveitadas, fugir do formato clichê padrão americanos de fazer filmes. E essa diversidade, aliás, a diversidade é sempre agradável.
Uma ótima apresentação do cinema nacional.
Cris F Santana (um tanto desconexa, um tanto insana)
Nenhum comentário:
Postar um comentário