Cult de Quinta: A Outra História Americana (Por Espanhol)

(American History X)

Fala galera, tudo bem com vocês? O filme dessa semana é o classudo American History X (A Outra História Americana), filme que levou uma indicação ao Oscar de Melhor Ator para Edward Norton em 1999, a propósito, época que Norton fez mais um filme que, para mim, marcou a história do cinema de forma singular que foi Fight Club (Clube da Luta), mas isso é história pra outra Quinta...

Tudo que é aprendido pode ser desaprendido? Desvios de comportamento como ódio, racismo e violência podem ser corrigidos? Seriam eles efeitos decorrentes da diferença social e impunidade ou parte da índole de algumas pessoas? Todos têm direito a uma segunda chance? Todos mesmo? Inclusive o líder de uma gangue neonazista?

          Derek Vinyard (Edward Norton) é o líder local de uma gangue de skinheads que propaga mensagens de ódio e violência contra imigrantes, negros e minorias. Durante um assalto a seu carro, Derek mata três ladrões, negros, na frente de seu irmão caçula Danny Vinyard (Edward Furlong) e vai preso. Danny começa a nutrir um ódio movido pelo racismo e está pronto para seguir os passos de seu irmão como skinhead, porém, tudo muda quando Derek sai da prisão transformado e decidido a deixar essa vida.

          A Outra História Americana é um filme multifacetado: ele permite que se discorra sobre vários temas sem fugir da ótica principal da história, mas a grande mensagem que a película passa é que quando as ações que você toma não te trazem nenhum benefício, é hora de refletir e mudar. O primeiro indício de desconstrução da personalidade dos irmãos Vinyard se da com a morte de seu pai, Dennis Vinyard (Willian Russ), que era bombeiro e estava apagando um incêndio em um bairro negro, e levou um tiro.

          É engraçado notar, que apesar do estopim para o desenrolar dos acontecimentos seja a morte de seu pai, antes mesmo disso acontecer, vemos um diálogo de Dennis com Derek onde o próprio começa a disseminar algumas ideias racistas a cerca do professor e posteriormente diretor da escola onde os irmãos estudavam, Dr. Bob Sweeney (Avery Brooks). O fato é que Derek canaliza seu ódio baseado numa visão racista de seu pai e na fatalidade que aconteceu com o mesmo para justificar seus atos.

Vemos a personagem de Norton se juntar com Cameron Alexander (Stacy Keach) mentor e idealizador da gangue neonazista e fornecedor de material racista. A estratégia de Cameron é simples, pegar jovens problemáticos e manipula-los com informações preconceituosas e tendenciosas de forma a justificar os atos da “supremacia branca”. Importante destacar a memorável cena do assassinato dos ladrões negros por Derek, onde ele mostra toda sua falta de escrúpulos e sangue frio e ainda sai rindo, após ser preso, sendo de uma perversão maligna impressionante.

A aura carregada e emotiva do filme fica por conta da relação entre os dois irmãos Derek e Danny, principalmente após a saída de Derek da prisão e seu relato sobre como foi sobreviver três anos de sua vida nela. Lá Derek começa a mudar seus conceitos sobre a vida quando um jovem ladrão negro começa a se tornar seu amigo (a despeito de todas as diferenças inclusive contrastando com suas inúmeras tatuagens de suásticas e “White power”) e quando a própria gangue de skinheads da cadeia se volta contra Derek, inclusive protagonizando uma cena forte o estuprando e o espancando.

A química entre Norton e Furlong é sensacional, o sentimento de culpa do irmão mais velho e o desespero de ver seu irmão caçula indo para um caminho onde possivelmente não haveria volta e sua relação perturbada com a família desconstruída só demonstra como o estilo de vida que ele escolheu não só não comporta boas escolhas como intoxica a todos com um péssimo exemplo. Já Furlong é a grande sacada do filme que questiona o jovem que caminha numa linha tênue para se tornar um marginal, mas, que no fundo, não quer fazer essa escolha, mas sim quer encontrar respostas para uma vida que o tirou de forma injusta seu pai e que vê em seu maior modelo seu irmão, corrompido por ideologias que só pregam o ódio.

O filme pode ser dividido em duas fases fundamentais, antes da prisão de Derek, onde a história é contada com a ajuda de vários flashbacks, os quais são todos em preto e branco, fazendo um paralelo com seu “passado negro”, lembrados por seu irmão Danny e depois de sair da prisão, onde ele tenta de todas as formas se afastar e afastar sua família do meio que o colocou lá.

Com uma grande carga dramática sobre as mazelas que caem sob suas personagens, A Outra História Americana é uma parada obrigatória sobre como a cultura do racismo e do ódio ainda está presente na sociedade e faz um alerta de que fechar os olhos para esse fato não o faz dele invisível, pelo contrário, expõem uma cicatriz que muitos ainda não sabem como lidar, porém, nos da um só alívio: Se o homem pode aprender a odiar, também pode aprender a amar e respeitar todos como iguais.

Dev cansado

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