Cult de Quinta: O Grande Lebowski (Por Espanhol)

(The Big Lebowski - 1998)

Fala galera, quem escreve é o novo membro da equipe do C de Caneca: Bruno Serrão, vulgo Espanhol!
Meu objetivo aqui, além de ajudar no que puder com as postagens dos conteúdos semanais é disponibilizar uma sessão de críticas sobre algumas das películas cults, pseudocults, clássicas e que marcaram época na história do cinema.

Vamos começar? O filme dessa semana (como vocês já perceberam pelo título.. duh) é o Grande Lebowski dirigido pelos irmãos Coen.

Os irmãos Coen nos presenteiam com seu brilhantismo mergulhado na demagogia dos anos 80 com perfume ácido e viagens sob cores e sons orquestradas pelo personagem que todos gostariam de ser, ao menos uma vez.

Jeffrey  Lebowski (Jeff Bridges), conhecido fundamentalmente como “The Dude” (Com tradução, totalmente dispensável, em português, para ‘O Cara’) é um vagabundo inveterado, vivendo em uma cidadezinha da California que tem como únicas ocupações da vida consumir drogas, ouvir fitas do Creedance em seu Walkman e jogar boliche com seus amigos Walter Sobchak (John Goodman), um veterano do Vietnam com claros problemas de temperamento e o quase inexistente Donny (Steve Buscemi), que parece sempre estar por fora do que se passa com o grupo mesmo sempre estando junto de todos.



Logo de cara o fator cômico da personagem principal não poderia ser mais obvio. “The Dude” exala sua aura caricata com uma combinação desleixada de vestuário, fala mansa e postura pacifista (e por várias vezes fumada) da vida e dos problemas. Ao desenrolar a trama, por mais que a situação pareça ruim a ponto de tirar o sono de qualquer ser humano, para “The Dude” e seu grupo o senso de perigo e seriedade passa longe e tudo parece um modorrento sábado à tarde chuvoso, que cedo ou tarde, vai acabar bem.

A história não podia começar de forma mais trivial, dois capangas invadem por engando a casa suburbana de "The Dude" atrás de seu homônimo Sr. Jeffrey Lebowski (David Huddleston), informando que sua esposa Bonnie Lebowski (Tara Reid) lhes deve dinheiro e após as tradicionais ameaças sobre o que acontece com os maus pagadores, urinam no seu tapete. “Ele era o complemento da sala”, essa é a preocupação que "The Dude" reflete aos seus amigos que o convencem a procurar seu xará para ser ressarcido no valor do seu "inestimável" tapete.

No encontro, a imagem de reconhecimento por meio do trabalho árduo do Sr. Lebowski contrasta fortemente com a falta de vontade de levantar da cama de "The Dude" Lebowski gerando uma pitada de ironia de ambos terem o mesmo nome. Destaques ficam por conta da cena onde há um espelho que imita a capa da revista TIME e Jeffrey "The Dude" Lebowski se posiciona ali, como se ser um desempregado consumidor de ácido fosse digno de representar a persona do ano e para o criado Brandt (o recentemente falecido Philip Seymour Hoffman) que toma as alegrias e dores de seu patrão de forma relativamente cômica, fazendo um humor totalmente forçado e tão sem graça que provoca risos por isso.

A trama se desenrola colocando "The Dude" em meio a uma enorme situação com múltiplas pontas envolvendo o sequestro de Bonnie, uma maleta com um milhão de dólares, um tapete roubado, um bando de alemães niilistas, o diretor de filmes pornô mais famoso da Califórnia e o campeonato municipal de boliche.

Vale ressaltar as participações de Julianne Moore como Maude Lebowski que é a filha excêntrica, artista e feminista do Sr. Lebowski que entra para colocar mais um elo na truncada corrente de sucessíveis problemas para "The Dude" e para o singular jogador de boliche da equipe adversária Jesus (John Turturro) que tem uma performance totalmente exacerbada e promove risadas em todas as aparições que realiza.

O Grande Lebowski mistura uma narrativa situação-problema-comédia como em Snatch – Porcos e Diamantes dentro do mundo de Pulp Fiction – Tempos de Violência (Parece que vamos encontrar Jules e Vega na próxima esquina). A fotografia deixa claro que, os anos 80 ainda não terminaram, parece que assistimos o filme de uma das primeiras TV’s a cores, onde tudo é mais desbotado do que parece. Vale ressaltar o trabalho adequado de som, com trilhar sonoras que nos aproximam do clima “paz e amor” (ou para alguns ignorância) que acompanha o protagonista, passando por Eagles, Bob Dylan, Santana entre outros.

O grande destaque da película fica por conta de Jeff Bridges, que carrega com maestria o fato de seu personagem ser um fracassado, mas parece que não da à mínima pra isso ou está muito alto para tanto. Vale ressaltar também o ótimo trabalho de John Goodman como Walter, que tem um grande coração, mas, como “The Dude” diz “Mais cedo ou mais tarde, você vai descobrir que é um idiota”, inclusive o primeiro protagonizando uma hilária cena envolvendo a destruição de um carro enquanto grita a plenos pulmões “Isso é o que acontece quando você fode o rabo de um estranho!”.

Divertido, leve e por vezes inusitado, o Grande Lebowski é recomendado para quem quer ter uma prévia da boa mão de direção Cohen, somada a atuações emblemáticas de personagem que ficarão marcados, pois carregam em si uma boa dose de singularidade, suficiente para promover as situações mais inusitadas de forma natural, como se aquela trama fosse completamente possível dentro da realidade em que vivem e sobrevivem.

Quanto ao “The Dude”? Todo mundo gostaria, de ao menos uma vez, passar por um furacão de problemas com um walkman no ouvido e algumas fitas do Creedence sem se preocupar com nada, talvez isso seja ser um fracassado, talvez isso seja só viver a vida da forma mais simples, ou talvez seja só a maconha e o ácido fazendo efeito.

Bruno Serrão
(@Espanhooll)

Dev cansado

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