Brasil na Caneca: Entre Abelhas (Por Cris F Santana)


Estava pensando esses dias sobre a identidade de cada país dentro do cinema. É quase um gênero o "cinema francês" por exemplo, os filmes originários do país tem quase sempre as mesmas características no modo de fazer cinema. O mesmo pode ser dito do "cinema alemão", entre outros. Em meio a essa reflexão, fui assistir Entre Abelhas, pensando.. "Eu reconheço uma identidade no cinema brasileiro?" 



Saí da sessão com esse paralelo traçado entre o que há em comum entre os dramas nacionais que vi recentemente. E a característica mais presente é que todos me fizeram sair calada da sessão. Calada no sentido mais introspectivo do estado. Posso citar três mais recentes, Boa Sorte, Ponte Aérea e o próprio Entre Abelhas. Com assunto central parecido, mas cada um no seu enfoque do tema, todos me fizeram pensar muito depois. Sobre a vida, sobre escolhas, sobre vontades, sobre emoções. Talvez a inserção de uma história dentro de uma cultura que é a que vivo facilite a fácil identificação. Talvez apenas questão de perspectiva. Mas o fato é, o cinema brasileiro me faz calar, calar e pensar na vida.

Entre Abelhas tem um roteiro bastante diferente dos que já vi. Conta a história de Bruno (Fábio Porchat) recém separado da esposa Regina (a linda Giovanna Lancellotti). A tristeza da separação causa um efeito bastante específico, Bruno passa a não enxergar mais as pessoas. Primeiro um menino andando de skate, depois um motorista, aos poucos todas as pessoas vão sumindo. É interessante pensar sobre o frágil equilíbrio do controle que temos sobre nossas emoções e como isso pode nos afetar. Bruno tem o apoio, nem sempre mais correto, do melhor amigo, o mulherengo Davi (Marcus Veras) e de sua dedicada mãe de filho único (Irene Ravache). Apesar de ter Fábio Porchat, Marcos Veras, Luis Lobianco, Letícia Lima e direção de Ian SBF, não vá assistir esperando uma longa edição de Porta dos Fundos. O filme tem seu toque de comédia bem aplicada, mas o foco da história é bem mais profundo que apenas o fazer rir (com ou sem crítica inserida). A qualidade da fotografia não pode deixar de ser citada.
Vale um destaque especial para Irene Ravache interpretando a mãe de Bruno. A atuação é incrível e a personagem é daquelas mães que boa parte dos espectadores vão se identificar. É fácil acreditar na personagem. Irene me dá novos fatos para lembrar porque a admiro tanto profissionalmente.

Com um roteiro bem armado e um final amarrado, que, para alguns produz alguma revolta, mas que, opinião, não poderia ser melhor, Entre Abelhas vale o ingresso do Cinema. 

Por Cris F Santana

PS. Se você tem um preconceito encravado na alma contra o cinema nacional, e decide mesmo assim ir a uma sessão, por favor, não atrapalhe a sessão de quem está lá curtindo. u.u

cris f santana

Nenhum comentário:

Postar um comentário